Daniel Campos

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Domingo de champanhe

Hoje é domingo, mas e daí? Ontem foi sábado e amanhã será segunda, depois virá a terça, a quarta... Domingo, nada mais do que um dia qualquer. Porém um pouco mais triste, mas nada que o afaste do comum. Triste? Comum? Ninguém (ou quase ninguém) trabalha, as camas são arrumadas mais tardes, dia de bares lotados, dia de clubes, praias, campos, dia de churrascos, espaguetes, feijoadas,..., dia de lembranças.

Bons tempos aqueles em que acordávamos no amanhecer dos domingos e tomávamos café em frente à televisão. Domingos de Interlagos, de Mônacos, de Silvertones... Tempos de hino nacional, de emoções, de torcida, de Galvão Bueno, de Ayrton, Ayrton, Ayrton Senna do Brasil!!!

Hoje os domingos são vazios, a televisão fica desligada e se acordamos cedo ficamos sem saber o que fazer. Sentimo-nos meio perdidos. Não vemos mais aquele capacete verde-amarelo que, como um confessionário, guardou tantas emoções. Não escutamos mais o tributo da vitória (aquela musiquinha que vinha na companhia de uma bandeira quadriculada). Não encontramos mais a bandeira brasileira tremulando nos punhos vencedores.

Vencedores. É isso! Naqueles domingos conhecíamos a vitória. Eu, você, ela, o povo em geral, cheio de problemas sócio-econômicos, todos vivíamos a glória. Subíamos naquele pódio e nos orgulhávamos de sermos nós mesmos. Não éramos submissos, subdesenvolvidos, miseráveis, analfabetos, desnutridos, selvagens, secundários,..., éramos brasileiros de corpo e alma.

Nos domingos de agora acordamos e não achamos uma razão de ser. Talvez por nos sentirmos derrotados, parece nos faltar alguma coisa. E assim, vamos levando os domingos com uma dose extra de tédio e um alto teor de lembranças. Você duvida disso? Pois bem, espere por um domingo chuvoso. Ao contrário de ficar embaixo das cobertas saia e permita que sua boca se encontre com aquela água em queda. Seus lábios irão, sua língua e sua garganta irão ser unânimes em uma afirmação: a chuva de domingo tem um gosto amargo de champanhe.


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