Daniel Campos

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10/01/2013 - Bota fora

Bota pra fora todos os sapos engolidos ao longo dos últimos anos. Bota pra fora todo o medo que atrapalha seu crescimento. Bota pra fora todos os casulos de sonho adormecidos. Bota pra fora todas as criaturas da aflição, da agonia, da angústia. Bota pra fora os filhos e as filhas que precisam vir à luz. Bota pra fora todos os boletins de ocorrência registrados em seu íntimo. Bota pra fora todos os caminhos traçados e percorridos em segredo. Bota pra fora seus deuses e deusas. Bota pra fora todas as canções que ecoam dentro e mais dentro de você. Bota para fora os “sim” e os “não” que nunca teve coragem de dizer. Bota pra fora o que lhe dá prazer, o que lhe faz sofrer, o que lhe faz querer.

Bota pra fora os sorrisos ainda não ridos. Bota pra fora a dor remoída pelos moinhos das lembranças. Bota pra fora os problemas, com ou sem solução. Bota pra fora os desejos que latejam em suas entranhas. Bota pra fora todos os instintos, em estado puro. Bota pra fora as imagens que se acumulam em seus sótãos. Bota pra fora o tempo que não foi digerido. Bota pra fora todas as teias da saudade tecidas num tear que fere mãos e alma. Bota pra fora as sombras que encobrem ou tentam encobrir o brilho da sua existência. Bota pra fora todos os seus fantasmas. Bota pra fora os reflexos que retratam seus últimos eus. Bota pra fora as declarações de adeus.


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