Daniel Campos

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03/11/2013 - Boneca do campo

A boneca, cosmopolita por natureza, deixou a caixa, a casa, a cidade grande e rumou para o campo. Sem mais pensar, abandonou roupas de grife, lençóis de centenas de fios, carros importados e mergulhou no verde. Fez um rabo de cavalo no seu cabelo de salões e correu pela chuva que perfumava ainda mais sua pele. Sim, trocou o perfume francês pela essência do mato. Sem trânsito, celular, televisão, a boneca brincava com as estrelas cadentes e ascendentes em seu signo. E sua beleza só fazia crescer naquele cenário de campo.

Ela não queria mais ser apenas de enfeite, tampouco que brincassem com seus sentimentos. A boneca queria viver intensamente tudo o que tinha direito. Para isso, os sapatos de salto alto deram lugar aos pés descalços que se molhavam na beira do rio. Era uma boneca com espírito aventureiro que fazia trilha, descia desfiladeiros e nadava em terra de correnteza. Uma boneca que a cada dia deixava de ser de plástico, de pano, de porcelana para ser de carne. E na roça, redimensionava seu amor pelo mundo que ela escolheu para si.


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