Daniel Campos

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18/12/2010 - Bateau Mouche

Minha vida afunda nos seus olhos fundos da dor que lhe inunda. Meus passos naufragam em seus braços seguindo o compasso das ondas. Ronda você os meus dias como maresias de um mar que me quer a pique. Replique as minhas vontades que já vão dentro de garrafas, litros de saudade e solidão, à procura de olhares, cidades e salvação. Seu vento a revés rasga meu convés. Entre um país basco e um adeus monegasco aperta-me rompendo o meu casco. Com seu jeito de menina você me leva a mil léguas submarinas. A tragédia anunciada e as bailarinas d’água.

São cardumes de sensações. São rosas de navegações. São âncoras e porões. E eu vou tentando segurar as voltas dos relógios e dos timões. É o tempo que passa, é o mar que entra. É o horizonte que se esgarça, é o reino de Netuno que adentra as cabines do navio. Seu corpo me dá arrepio, fenda de biquíni, sereia do rio. Gritos e explosões, danças e canhões, Fernando Pessoa e Camões pelos mares da delicadeza salgados pelas lágrimas portuguesas. E eu vou submerso por entre a queima de fogos de Copacabana tentando borbulhar-te um último verso.

Bateau Mouche: paixão cega, ilusão insana.


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