Daniel Campos

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13/10/2009 - A criatura amada e seus olhares

A criatura amada tem olhos de tsunami, capazes de lhe levar pelos ares, de lhe virar pelo avesso. Como são poderosos os olhares da mulher amada. Um poder metropolitano que lhe faz colônia em menos de três segundos. Fisicamente, eles incitam. Plasticamente, eles gritam. Poeticamente, eles palpitam. Como são tentadoras as pupilas da criatura amada. Urge o desejo de olhá-las até a morte. Creio que deva ser a mesma sensação dos soldados que optam por morrer com honra, em pleno campo de batalha.

Os olhos da mulher amada lhe flertam como lanças selvagens. Neles, o veneno de uma delicadeza capaz de imobilizar, de cegar, de tombar. Quantos deuses mitológicos habitam suas pupilas? Quanto de geometria e física espacial se concentra em suas pálpebras? Quantos poetas já se coloriram em sua íris? Quantos motoqueiros já se aventuraram pelo seu globo ocular? Quantos pecados já nasceram e quantos pecadores já morreram eletrocutados nos impulsos elétricos dos olhares da criatura amada?

Quando a criatura amada direciona os olhares, o mundo fica sujeito à chuva de meteoros. Os olhares da mulher amada abrem os poros e as emoções começam a fluir de um jeito nunca visto. São olhos que tragam a alma como mar bravio, são olhos que destroem os barcos de um menino deixando náufrago o destino. E quando a criatura amada adormece, cerrando os olhos, um mundo interior chamado "Amares" se refaz e aguarda ansioso por um novo ataque de olhares.


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